segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Reflexão com gelo e limão, por favor.

– Você já atirou em alguém?

– Violência contra um é violência contra todos. E violência contra todos é violência contra mim.

– Certo. Mas já atirou em alguém?

– Ninguém... Que não merecesse.


Bom, deixa-me explicar a situação. Eu gosto dessas séries americanas – o que não é nada incomum, uma vez que a onda é essa agora. Mas eu não tenho TV por assinatura (o que dificulta um pouco as coisas) aí o jeito é baixar. Acabei encontrando uma série que está até passando na TV aberta (na Record, pra ser mais exato; Record aliás que fez um investimento massa nesse quesito), mas, como eu já estava acompanhando pela net, continuei baixando e estamos agora na segunda temporada, segundo episódio. Esse diálogo aconteceu no começo do primeiro episódio (desculpaê galera que ainda não assistiu...). Ah, sim, o nome da série é Life. É sobre um policial que ficou preso por 20 anos injustamente, conseguiu sair, ganhou uma grana massa do governo em indenização e que segue o zen-budismo.

Enfim, o cara só vive usando o zen-budismo e pá e talz. Mas aí teve esse deslize do diálogo, e vários outros durante toda a série. A questão é a seguinte: você já parou pra pensar quantas coisas a gente defende e acaba praticando outra? Não só as coisas grandes, mas até pequenininhas... Tipo, todo mundo sabe que o PT defendia o socialismo e quando chegou ao governo mudou totalmente a visão política. E aí, na hora de falar, até o mais extremo capitalista vira socialista. O negócio é reclamar. Mas a gente não tem esse costume reclamar de nós mesmos. Por exemplo, achamos muito ruim o efeito do álcool sobre o homem e toda a sociedade e, de repente, estamos em festas esbaldando no open bar! (isso é apenas um exemplo em meio a tantos outros que podem ser colocados; é só você pensar direitinho e logo descobre algo que se encaixa com você...)

Antes de qualquer coisa, que se saiba que eu estou muito longe de ser um elogiador do governo Lula, muito pelo contrário! Vai que a galera confunde um exemplo com um posicionamento, né? Mas voltando... Como a gente é paia, né!? A gente é tão convicto de algo e acabamos por mudar radicalmente essa convicção em determinadas circunstâncias. Voltemos pro diálogo: o cara super cabeça dá a maior lição de moral sobre atirar em alguém, aí chega o outro e ignora totalmente aquilo que, teoricamente, é o certo, e o nosso moralista cai. Que paia! Além de mudar nossa opinião, a gente ainda vai pelos outros! Se ainda fosse uma mudança bem pensada, refletida, mas não! É aquela coisa circunstancial, é que naquele momento será bom, será prazeroso, a gente estará incluso no contexto social. E a gente ignora o resto.

Deve ser por essas e outras que dizem que o ser humano é fraco. Quem sabe algum dia a gente melhora.

PS: Não procure respostas aqui se eu não sei qual é a pergunta (parafraseando Renato Russo).

PS: Dois meses não é bem a periodicidade que eu esperava, mas foi o jeito. O próximo será em menos tempo! =P


Beijos e tchaus!